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PORTUGAL, UM CAMPEÃO FORTE NA SUA FRAQUEZA

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O futebol nos conta histórias cada vez mais surpreendentes. Justiça não é muito a praia dele, mas às vezes ele nos surpreende até nisso: fazendo justiça. E de certa forma, foi isso que foi feito a Portugal, campeão da Eurocopa, em pleno Stade de France.

Portugal com a taça da Euro. FOTO: UEFA
Portugal com a taça da Euro. FOTO: UEFA

Não me entendam mal. Não falo em justiça por essa seleção portuguesa, que sinceramente é uma das mais fracas que eu já vi, mas sim pela história do futebol no país. O título dessa magnitude devia ter chegado com a geração de Eusébio ou aquela comandada por Felipão, se a qualidade do futebol fosse o único fator decisivo para o sucesso. Mas não é. Por isso, mesmo tendo sido conquistado com um futebol de resultado, é um título merecido para um país que ama o futebol e não tinha nenhuma taça em sua sala de troféus.

Foi também uma justiça poética, porque não, para um Portugal que perdeu de forma inacreditável a Euro de 2004, em casa, contra a grande zebra grega. Dessa vez, toda a desilusão e tristeza foram prontamente compensadas.

Depois de passar aperto nas eliminatórias da Euro, chegando a perder em casa para a Albânia (mal sabiam eles que os albaneses tinham um time digno), Portugal chegou muito desacreditado na fase final. Fez uma fase de grupos miserável, empatando com Islândia (a mítica Islândia) e Áustria (errando gols à rodo) e quase sendo eliminada pela Hungria – no melhor jogo da primeira fase. Aliás, esteve eliminado três vezes e sendo salvo em duas delas por Cristiano Ronaldo.

Depois viu sua solidez defensiva fazer diferença. No apagar das luzes da prorrogação contra a Croácia, nos pênaltis contra a Polônia e num duelo parelho – decidido pela grande atuação de CR7 -contra a Gales. Na final uma vitória na prorrogação, contra a dona da casa, perdendo Cristiano no começo do jogo. Aliás, contra uma França a quem não vencia em 41 anos e que o eliminou três vezes em mata-matas de Euro e Copa do Mundo (castigo!). Definitivamente, uma forma apoteótica encontrada pelo futebol de fazer justiça.

Desalento francês ao perder a final em casa. FOTO: UEFA
Desalento francês ao perder a final em casa. FOTO: UEFA

Cristiano Ronaldo era o único fator que credenciava Portugal a alguma sorte na Euro. E ele não foi 100% do que se espera sempre dele, mas decidiu quando precisou e viveu com intensidade a batalha que foi essa conquista. O melhor do time foi Pepe, que jogou de forma excelente e foi o principal pilar da defesa portuguesa, o fator determinante para o título dos lusos. Pontuo também a grande atuação de Rui Patrício, principalmente na final, e a estrela de Éder, o jovem imigrante que viveu em orfanato e chegou a seleção para sair de coadjuvante a herói improvável do título. Um herói contestado pela qualidade técnica, diga-se de passagem.

https://youtu.be/-lryr0DDkhY

Não foram jogos inesquecíveis, pelo contrário. Não tivemos um campeão indiscutível, mas sim um que teve sorte – o gol da Islândia contra a Áustria, no último minuto acabou dando a Portugal o caminho mais fácil até a decisão – e jogou do jeito que podia. Jogou feio? Sim. Venceu apenas um jogo no tempo normal e empatou os outros seis. Depende muito de Cristiano? Ainda depende, mas mostrou nessa final que consegue ganhar sem ele.

Talvez essa seja a grande diferença que esse título fará a Portugal – além de todo o peso de ser a maior conquista do país. Um time fraco e limitado pode ter percebido que consegue vencer mesmo sem CR7 e essa confiança (se adquirida), adicionada a capacidade de defender com solidez e abaixar o nível da partida a um patamar em que sua seleção seja competitiva, pode tornar Portugal um time vencedor. Tomara que eles gostem desse negócio de vencer. Por que seja como for o título, se conquistado dentro de campo – jogando bonito ou feio – é uma amostra de justiça no futebol.

Cristiano comanda a festa da torcida em casa. FOTO: UEFA
Cristiano comanda a festa da torcida em casa. FOTO: UEFA
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