Home»Futebol Internacional»O REAL FOI CAMPEÃO MUNDIAL, MAS O ASSUNTO FOI O KASHIMA

O REAL FOI CAMPEÃO MUNDIAL, MAS O ASSUNTO FOI O KASHIMA

0
Shares
Pinterest WhatsApp

E o Mundial de Clubes nos presenteou com mais uma surpresa. Um dos clubes japoneses mais conhecidos do mundo, o Kashima Antlers, pregou uma peça no mundo do futebol e se tornou o primeiro time fora do eixo Europa-América a chegar perto realmente de conquistar o Mundial de Clubes da FIFA. Todo mundo ficou com cara de “como assim”?

Ele foi o último time a se classificar para a competição, com a vaga de dono da casa, conquistada com o título da J-League. Como de costume, deveria ser uma participação apenas para cumprir tabela, mas foi longe disso. O Kashima Antlers venceu por 2×1 o Auckland City, passando para a segunda fase, o que já estava de bom tamanho. Mas eles venceram também os campeões africanos do Mamelodi Sundowns, da África do Sul, que eram cotados como favoritos às semifinais. Foi assim que se garantiram numa partida contra o Atlético Nacional.

Os colombianos eram franco favoritos e estavam em alta, pela grande campanha ao longo do ano e pela nobre atitude de ceder o título da Copa Sul-Americana à Chapecoense. E assim, com o bom futebol apresentado até então, o apoio dos torcedores verdolagas que foram ao Japão e dos brasileiros que, comovidos pela atitude do clube alviverde, demonstraram torcer pelos colombianos contra o Real Madrid. Mas faltou avisar aos japoneses.

O Kashima Antlers fez uma partida surpreendentemente eficiente contra o Atlético Nacional. Ao invés de se retrancar encarou o Atlético Nacional. Os dois times partiram para o ataque e o jogo foi marcado por inúmeras chances para os dois lados, em maior quantidade para os verdolagas. Não é por menos que Sogahata teve uma atuação fantástica. Armani não ficou para trás. O jogo foi ótimo para quem gosta de futebol jogado para frente. Mas aí, o futebol viu mais um momento histórico.

Aos 30 minutos, o húngaro Viktor Kassai parou o jogo e, com ajuda dos árbitros de vídeo, marcou pênalti de Mosquera em Nishi em um lance que tinha acontecido quase dois minutos antes. A polêmica atitude, que propiciou o primeiro uso dessa tecnologia no futebol garantiu a Doi chance de abrir o placar. E assim foi. Os colombianos ficaram abalados mas seguiram atacando. Sogahata fez mais milagres e o travessão seguiu colaborando para os japoneses. A afobação e o desespero começou a bater nos sul-americanos. Endo – com enorme categoria – e a jovem promessa Suzuki mataram a partida e garantiram o resultado histórico.

Yasushi Endo faz, de calcanhar, o segundo do Kashima. FOTO: Koki Nagahama
Yasushi Endo faz, de calcanhar, o segundo do Kashima. FOTO: Koki Nagahama

Estava feito. Não precisava de mais nada, para que os japoneses ficassem na história, como o Mazembe e o Raja Casablanca haviam feito. Mas não para o time do Kashima Antlers. Ainda vinha a inesperada decisão contra o Real Madrid.

Como escreveu Tiago Bontempo no blog Futebol no Japão: “43 minutos do segundo tempo no Nissan Stadium. O Kashima Antlers pressiona o Real Madrid nos momentos finais da grande decisão do Mundial de Clubes da Fifa. Fabrício manda uma pancada de fora da área e Navas faz brilhante defesa ao buscar a bola no ângulo e mandar para escanteio. O placar mostra 2×2 e os japoneses fazem o que para muitos parecia impossível. Batem de frente com o melhor time do mundo e com chances reais de tornar realidade o que seria uma das maiores zebras da história do futebol”.

É, por incrível que pareça, o Kashima bateu de frente para o Real e quase venceu! Com uma coragem e segurança incrível, o time japonês virou o jogo contra os madridistas e, mesmo depois de sofrer o 2×2, continuou pressionando o time de Zidane. O empate saiu barato para os espanhóis, que ainda foram beneficiados pela não expulsão de Sérgio Ramos no fim do jogo. A final acabou e o Kashima fez o que ninguém conseguiu até então. Empatar com o Real Madrid num Mundial. Foi quase! Na prorrogação, Cristiano Ronaldo decidiu o jogo com dois gols, mas os japoneses caíram lutando. Foi uma partida magnifica.

Mesmo campeão, Real foi coadjuvante na final. FOTO: Getty Images
Mesmo campeão, Real foi coadjuvante na final. FOTO: Getty Images

Aí nos pegamos diante de uma inteligente pegunta feita por Mário Marra em seu blog: “Por qual motivo o Kashima Antlers conseguiu jogar bola, virar um jogo contra o Real e ainda levar a partida para a prorrogação e nossos clubes já chegam derrotados?” E é uma discussão pela qual devemos mesmo passar.

Com exceção dos títulos do Corinthians, São Paulo e Inter, os sul-americanos não conseguiram o título Mundial. Na verdade, na grande maioria das vezes, já chegam para a competição com o sentimento e a certeza de derrota. Mas o Kashima mostrou como se faz. Chegou com ritmo de competição, jogou para ganhar e não se sentiu derrotado em nenhum momento. Deu certo. O título mais uma vez ficou com o Real Madrid, mas desta vez a história ficou por conta dos japoneses. O time que um dia ganhou fama por ter Zico em seu elenco, mostrou ao mundo que o futebol ainda pode ser jogado de igual para igual. Pelo menos dentro das quatro linhas…

Previous post

BRASILEIRÃO 2016 – START SPORTS AWARDS

Next post

2016: UM DAQUELES ANOS DIFÍCEIS DE EXPLICAR

No Comment

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *