Home»Fórmula 1»GP DA ALEMANHA 76 | A APOSENTADORIA DO “INFERNO VERDE”

GP DA ALEMANHA 76 | A APOSENTADORIA DO “INFERNO VERDE”

1
Shares
Pinterest WhatsApp

f1

Houve um tempo em que os circuitos da Fórmula 1 eram muito diferentes dos atuais traçados utilizados pela principal categoria do automobilismo. Na cidade de Nürburg em 1927 surgia um dos circuitos mais lendários da história do automobilismo. Com cerca de incríveis 28 km de extensão o autódromo de Nürburgring é uma lenda viva que existe até hoje na Alemanha.

Ele era originariamente possuía duas partes distintas: o Sudschleife que era menor e ficou pronto primeiro, porém seu traçado original não existe mais; e o Nordschleife o anel norte do circuito original Nürburgring, que existe até hoje. Os seus 22.835 metros foram utilizados durante um período de 25 anos (de 1951 a 1976) como a etapa alemã da Fórmula 1 por 22 vezes.

O lendário traçado do antigo Nürburgring. FOTO: nurburgringdrivers.com
O lendário traçado do antigo Nürburgring. FOTO: nurburgringdrivers.com

O extenso e desafiador traçado que corta a Floresta Negra alemã, recebeu a alcunha de “Inferno Verde” por parte do tricampeão mundial Jack Stewart, foi o lugar aonde 5 pilotos da Fórmula 1 perderam a sua vida. E foi a quase morte de mais um que levou a Fórmula 1 a nunca mais realizar uma corrida no Nordschleife. O artigo de hoje relembrará o GP da Alemanha de 1976 marcado pelo gravíssimo acidente de outro tricampeão da categoria: o austríaco Niki Lauda.

Niki Lauda em 1976, antes do acidente que quase lhe matou. FOTO: pinterest.com
Niki Lauda em 1976, antes do acidente que quase lhe matou. FOTO: pinterest.com

Naquela tarde de 1º de agosto de 1976: “À hora da corrida, o tempo estava mau e tinha chovido nos minutos anteriores à corrida, logo todos tinham colocado pneus para piso molhado. Todos… exceto um: o McLaren de Jochen Mass, que conhecendo o tempo e as características do Nordschleife, decidiu apostar em pneus secos, pois sabia que o asfalto estava a secar rapidamente e dali a pouco tempo, todos iriam meter pneus slicks. E assim foi: Regazzoni largou na frente, enquanto que Hunt ficava com o segundo lugar e Mass já era terceiro à saída da primeira curva,. com Laffite logo atrás. Ao mesmo tempo, Lauda se atrasava.

A meio da primeira volta, as condições do asfalto ainda estavam más e Regazzoni sofreu um despiste, que o fez cair para a quarta posição, dando a liderança para Hunt, mas já por essa altura se apercebia que o asfalto estava seco e os pilotos iriam trocar para slicks. Com isso, Mass era o novo lider no inicio da segunda volta, quando os pilotos da frente trocaram de pneus: Hunt, Lauda, Regazzoni, Reutemann… Poucos não o fizeram, como os suecos Ronnie Peterson e Gunnar Nilsson, mas cedo iriam ficar para trás.

Os alemães estavam alegres por ver um dos seus na frente, mas foi sol de pouca dura. No inicio da terceira volta, os comissários agitavam as bandeiras vermelhas, sinal de interrupção da corrida. E era por uma boa razão: tinha havido um acidente grave e o carro estava em chamas. O piloto em questão era Niki Lauda, e o seu Ferrari tinha-se incendiado.

acicentelauda
Uma imensa bola de fogo: foi no que se transformou o carro de Niki Lauda logo após o acidente. FOTO: en.espn.co.uk

Na segunda volta, quando o piloto austríaco passava pela zona de Bergwerk, o carro subitamente despistou-se (a hipótese mais consistente foi a de uma quebra de suspensão), bateu forte no guard-rail e em ricochete vai para o meio da pista, incendiando-se. (Texto retirado do blog Continental Circus).

O vídeo a seguir (com narração em inglês) mostra como foi este terrível acidente com direito a Lauda voltando ao local do seu quase fatal acidente.

 

“O impacto foi tão violento para tirar o capacete vermelho de Niki, que ainda viu Guy Edwards conseguir desviar, mas Harald Ertl e Brett Lunger não, batendo na Ferrari, que estava pegando fogo. Depois do segundo impacto, agora vindo de frente, o fogo foi para o cockpit de Lauda, que tentava sair de seu carro, mas só conseguiu isso quase 1 minuto depois, com a ajuda de vários pilotos, incluindo Edwards, Ertl, Lunger, Merzario e até Emerson Fittipaldi.

Minutos depois o resto do pelotão chegou onde havia o caos, sem espaço para passar pelos pedaços de carro que estavam na pista. Lauda ainda saiu andando do acidente, mas logo desmaiou e teve de ser encaminhando rapidamente para o hospital de Mannheim. Niki tinha inalado muita fumaça, e com isso tinha queimaduras no pulmão, além de ter sofrido mais ainda nas pálpebras e nas sobrancelhas. Seu rosto estava inchado, como uma bola de basquete.

Agora, Lauda teria que lutar pela vida nos dias que seguiam, tendo que tirar todo o sangue do pulmão além de ter que fazer enxerto de pele no rosto. Vamos voltar para a corrida, que foi reiniciada sem os três pilotos envolvidos no acidente e nem com Chris Amon, que desistiu da categoria depois do acidente.

James Hunt pulou na ponta e a manteve até o fim da corrida. Logo atrás dele, Ronnie Peterson sofreu um forte acidente na saída da Flugplatz, abandonando ao lado de Jacques Laffite e Hans Joachim Stuck. Logo depois, Rega rodaria mais uma vez, e agora destruiria a corrida de Depailler, que tentou desviar, mas bateu. Nessa mesma volta, José Carlos Pace assumiu a segunda colocação, mas a perderia novamente para Scheckter.

Na segunda volta, Vittorio Brambilla, que era 6º, bateu. Agora a disputa da corrida estava entre Jochen Mass, Gunnar Nilsson e José Carlos Pace, o vencedor acabou sendo o grande rei das artimanhas de Nürburgring naquela ocasião, Mass assumiu a quarta colocação, com o brasileiro logo atrás e o sueco em quinto. Há 2 voltas do fim, Regazzoni rodou mais uma vez, e agora perdeu várias colocações. colocando Jochen no pódio e Rolf nos pontos.

No fim de 14 voltas, a Alemanha pelo menos teve um motivo para sorrir, Mass terminou no pódio e Stommelen em 6º. Hunt foi o vencedor, com Jody em segundo, Pace foi o quarto, logo afrente de Gunnar Nilsson. Fechando o TOP TEN estiveram John Watson, Tom Pryce, Clay Regazzoni e Alan Jones.

Com a vitória, James ficou apenas 14 pontos atrás de seu rival, que perderia o título no fim da temporada, no Japão. No fim desse dia 1 de agosto de 1976, acabava um Era no circuito de Nürburgring, e mais precisamente em Nordschleife, que perderia definitivamente a sede do GP da Alemanha.

Não veríamos mais os carros da F-1 no maior circuito do Mundo, tudo por causa da segurança e de um dos acidentes mais famosos de todos os tempos. Apenas algumas vezes vemos carros da categoria andando por lá, e só é quando está acontecendo algum evento promocional ou coisa do tipo, simplificando, acabara o Nords.” (Texto retirado do blog Memória F1).

O circuito da corrida

Vista aérea do circuito Hockenheimring, onde é possível ver os resquícios do antigo traçado de quase 7 km de extensão. FOTO: www.pinterest.com
Vista aérea do circuito Hockenheimring, onde é possível ver os resquícios do antigo traçado de quase 7 km de extensão. FOTO: www.pinterest.com

O Grande Prêmio da Alemanha é um dos mais tradicionais da Fórmula 1. Está no calendário da categoria desde 1951 e de lá pra cá, somente em quatro ocasiões não integrou o calendário da categoria.

De 1951 a 1976 (exceto em 1955 e 1960 quando não houve a corrida, em 1959 que foi realizada em AVUS e em 1970 em Hockenheimring) o circuito utilizado para as corridas alemãs foi o lendário anel norte do antigo circuito de Nürburgring mais conhecido como Nordschleife ou “Inferno Verde” denominação dada pelo tri campeão mundial Jackie Stewart. Detalhe: Nordschleife existe até hoje com seus lendários 22.835 metros.

De 1977 até 2006 o circuito de Hockenheimring foi o responsável por sediar a etapa alemã da Fórmula 1. A partir de 2008 Hockenheimring e Nürburgring (o novo traçado) se revezam em sediar o GP da Alemanha. Em anos pares, como este, a corrida se realiza em Hockenheimring e em anos ímpares em Nürburgring. Porém ano passado não houve a corrida em Nürburgring por falta de acordo comercial entre a Federação Alemã de Automobilismo e a FIA.

Detalhe da parte mais conhecida do atual traçado de Hockenheimring, mais conhecido como “Estádio”. FOTO: globoesporte.globo.com.
Detalhe da parte mais conhecida do atual traçado de Hockenheimring, mais conhecido como “Estádio”. FOTO: globoesporte.globo.com.

Hockenheimring, assim como muitos circuitos antigos, passaram por modificações do seu traçado ao longo dos anos. A mais recente ocorreu entre 2001 e 2002, por imposição da FIA, que culminou com a retirada das longas retas que cortavam a floresta da região, o que foi criticado por muitos, tanto pilotos, quanto outras pessoas ligadas a Fórmula 1. A principal reclamação foi que, sem o trecho da floresta, Hockenheimring virou um circuito comum.

A atual configuração de Hockenheimring possui 4574 metros e pode ser visto na figura abaixo (em cinza o traçado utilizado até 2001). Em situações normais, os pilotos deverão fazer este traçado por 67 vezes para que se, conheça o vencedor da etapa alemã da Fórmula 1.

Pilotos e equipes devem ficar atentos. A chuva é sempre possível de ocorrer, adicionando mais emoção à corrida. Basta lembrar da vitória de Rubens Barrichello em 2000, a primeira dele na Fórmula 1.

Dados históricos

Nas 61 edições realizadas até agora do GP da Alemanha desde 1951, 40 pilotos diferentes venceram lá. O italiano Alberto Ascari foi o primeiro vencedor, em 1951, correndo no anel norte do antigo circuito de Nürburgring, o Nordschleife. Em Hockenheimring o primeiro vencedor foi o austríaco Jochen Rindt em 1970.

O maior vencedor do GP da Alemanha (e também de Hockenheimring) é o alemão Michael Schumacher com 4 vitórias, seguido por Stewart, Piquet, Senna e Fernando Alonso, com 3 vitórias cada um. Por equipes, quem mais venceu até agora foi a Ferrari com 21 vitórias (12 em Hockenheimring), seguida pela Williams, com 9 vitórias (todas em Hockenheimring).

A pole mais rápida do atual traçado foi feita por Michael Schumacher pela Ferrari em 2004 com o tempo de 1min 13s 306 (com os carros com motores V10) e a volta mais rápida foi feita por Kimi Raikkonen também em 2004, pela McLaren com o tempo de 1min 13s 780 (também com os carros com motores V10).

Expectativa para a corrida

A disputa entre Hamilton e Rosberg segue “encardida” Se com a vitória na Hungria Hamilton assumiu pela primeira vez a liderança do Mundial de Pilotos, Rosberg fez a pole hoje no treino classificatório e não quer de forma alguma deixar Hamilton se distanciar na classificação. Como em Hockenheimring é bem mais fácil de fazer uma ultrapassagem do que na Hungria, a corrida promete fortes emoções para amanhã.

A Red Bull parece se consolidar como segunda força do grid. Com o pódio de Ricciardo na Hungria, mais uma boa atuação do garoto Max Verstappen e a segunda fila no treino classificatório de hoje, os “Touros Vermelhos” parecem mais próximos hoje das Mercedes do que a dupla campeã do mundo de Maranello.

A vida dos pilotos brasileiros segue difícil. Massa conseguiu chegar ao Q3, mas ficou mais uma vez atrás de Bottas. Enquanto isso Felipe Nasr, só conseguiu ser melhor na classificação que seu companheiro de equipe da Sauber, Marcus Ericsson. É… acho que alguma coisa melhor para eles só em 2017.

Resultado do Treino Classificatório

OBS. 1: Carlos Sainz Jr. (STR) perde 3 posições e larga em 16º lugar; OBS. 2: Romain Grosjean (Haas) perde 5 posições por trocar o câmbio e larga em 20º lugar.
OBS. 1: Carlos Sainz Jr. (STR) perde 3 posições e larga em 16º lugar;
OBS. 2: Romain Grosjean (Haas) perde 5 posições por trocar o câmbio e larga em 20º lugar.

Horário:

Corrida – 31/07/2016 (domingo), 09:00h (horário de Brasília)

A corrida será transmitida pela Rede Globo. Boa corrida para todos.

Previous post

FESTA VERDOLAGA! ATLÉTICO NACIONAL É BI DA LIBERTADORES

Next post

A NOITE DE PÉREZ E O APOGEU DO COLO COLO DE 91

1 Comment

  1. […] os demais na classificação. No entanto, esse cenário seria totalmente alterado com a chegada do GP da Alemanha, um dos circuitos mais difíceis da época para os pilotos e que costumava causar muitos acidentes […]

Leave a reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *