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Cruzeiro Campeão Brasileiro 2013: superação, equilíbrio e futebol ofensivo

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O Cruzeiro sagrou-se na última quarta, dia 13/11, campeão brasileiro de 2013. Se foi tri (considerando a Taça Brasil de 66) ou bi, é questão de nomenclatura, coisa que não nos interessa aqui. Vamos falar de como o Cruzeiro foi campeão e o que ele tinha de diferente dos outros times.

Para começo de conversa, o Cruzeiro acertou em cheio na escolha de Marcelo Oliveira para técnico. O técnico venceu a desconfiança da torcida, intrigada com sua origem atleticana, e montou a equipe que mostrou o melhor futebol do segundo semestre. A grande diferença do time foi a evolução do conjunto. O time foi montado no Mineiro e reforçado durante a Copa do Brasil e o Brasileiro. Foi ganhando forma e entrosamento, chegando ao ponto de ter opções de banco capazes de disputar posição com os titulares em várias posições. Sem grandes estrelas, o time desenvolveu seu esquema de jogo com toque de bola e jogadas rápidas, infernizando as defesas durante o Brasileirão. Trouxe de volta o futebol ofensivo e foi campeão priorizando o ataque, coisa que os últimos campeões nem de longe pensaram em fazer. “O trabalho no Cruzeiro é coletivo”, disse Marcelo Oliveira em entrevista a revista Placar. “Eu gosto de futebol bem jogado, com toque de bola, rotatividade. Cobro para que sempre três ou quatro jogadores entrem na área, principalmente nos cruzamentos. Por isso há alternância entre quem marca e decide os jogos”, completou o técnico.

O técnico tive o time na mão e venceu as desconfianças da torcida. FOTO: Divulgação
O técnico tive o time na mão e venceu as desconfianças da torcida. FOTO: Divulgação

Até escolhas erradas se tornaram vantajosas. Diego Souza, que veio para ser o camisa 10 do time, fez um primeiro semestre bem abaixo do esperado e ainda quis sair do time, para jogar na Europa. Daí, veio a jogada de mestre de Alexandre Mattos, diretor do Cruzeiro, que além do dinheiro da venda, trouxe Willian, atacante que foi um dos destaques da equipe no Campeonato Brasileiro. Inclusive, Mattos, um dos maiores responsáveis pelo título, conseguiu montar um time com cerca de 40 milhões de reais, resgatando jogadores que andavam em baixo e valorizando a prata da casa. Montou um time campeão com pouco, o que é muito raro nos dias de hoje.

Alexandre Mattos não fez nenhum gol, mas teve papel primordial no título. FOTO: Cruzeiro.
Alexandre Mattos não fez nenhum gol, mas teve papel primordial no título. FOTO: Cruzeiro.

A inevitável comparação ao time campeão de 2013 enfatizou ainda mais a coletividade do time desta temporada. Se em 2003 Alex decidia sempre, em 2013, o conjunto falou mais alto. Além dos dois grandes destaques do time, Fábio e Everton Ribeiro, é possível apontar pelo menos mais 8 destaques no elenco, não necessariamente titulares. O time ainda se renovou e revelou bons valores, como Vinícius Araújo, Mayke e, principalmente, Lucas Silva, um dos melhores volantes do campeonato.

A superação foi a tônica do time. A traumática queda nas oitavas da Copa do Brasil, somada à perda do Mineiro para o Atlético, que ainda foi campeão da Libertadores, frustrou parte dos planos do clube e aumentou a pressão sobre os jogadores. Entretanto, no fim, esses fatores contribuíram para a arrancada o título. Em todas as fases de turbulência, o time resolveu seu problemas internamente, blindou o elenco e focou esforços em conquistar o Brasileiro. Os descontentamentos e insatisfações foram resolvidos entre o próprio elenco e isso o uniu mais.

O Mineirão foi uma grande arma e o apoio da torcida foi decisivo para a conquista. FOTO: VipComm
O Mineirão foi uma grande arma e o apoio da torcida foi decisivo para a conquista. FOTO: VipComm

Ser titular nesse time foi uma missão difícil, pois com o elenco qualificado, os reservas estavam sempre a altura. Muitos se machucaram e perderam a posição, como no caso de Souza, que viu Lucas Silva se apoderar do meio de campo celeste, e de Dagol, que depois de uma lesão viu Willian tomar conta do ataque. Borges também sofreu a concorrência de Vinícius Araújo e Ceará travou um duelo épico com Mayke na lateral direita. Não faltaram opções, tanto que Júlio Baptista, um dos jogadores de maior renome no elenco, mal se firmou como titular, e Luan, execrado no Palmeiras, foi responsável diretamente por sete pontos do Cruzeiro na competição.

Festa azul no Mineirão. FOTO: Paulo Fonseca / Agência Estado
Elenco forte e cheio de opções. FOTO: Paulo Fonseca / Agência Estado

Na hora de decidir o Cruzeiro deixou seus adversários para traz.  Botafogo, Grêmio e Atlético-PR, assim como a grande maioria das equipes foi irregular e alternaram muito seu rendimento. Já o Cruzeiro se aproveitou, arrancou na hora certa, venceu os confrontos diretos e não desperdiçou pontos em jogos fáceis, construindo uma vantagem impressionante, que hoje chega a 16 pontos. São 72,5% de aproveitamento ao fim da 34ª rodada, 72 gols marcados e 40 de saldo, que supera o das de todas as equipes do G4 juntas. O time liderou por 23 rodadas, sendo que nas 19 últimas, reina soberano na ponta. Venceu todos os seu adversários, goleou boa parte deles (marcando pelo menos três gols em 14 ocasiões) e foi campeão com quatro rodadas de antecedência, igualando o recorde do São Paulo. Na verdade, quebrando, se levarmos em conta que o título foi confirmado no intervalo da partida contra o Vitória, graças a Wellington Paulista e o Criciúma, que pararam o Furacão.

Cruzeiro campeão contra o Vitória. FOTO: Placar
Cruzeiro campeão contra o Vitória. FOTO: Placar

Enfim, está claro que o time do Cruzeiro mereceu e conquistou com todos os méritos o título. Se o nível do campeonato foi baixo, como muitos disseram, o nível do time celeste foi altíssimo, afastando a concorrência e priorizando o futebol ofensivo e bem jogado. Foi um campeão incontestável e, no ano em que o Minas Gerais mandou no futebol brasileiro, a raposa pintou, mais uma vez, o Brasil de azul.

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