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O TÍTULO MAIS IMPROVÁVEL É DO GALO

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Mais uma conquista heroica, emocionante e inigualável. O time que se confunde com o impossível, venceu mais uma vez os maiores obstáculos e chegou a mais uma conquista memorável. A Copa do Brasil é do Galo, com toda justiça.

Não bastasse todas as facetas da  conquista da Libertadores, com viradas fantásticas e emoções fortes, o Galo conseguiu, nesta Copa do Brasil, se aprimorar e aperfeiçoar a arte de operar milagres. Mudavam os adversários mas lá estava o corriqueiro placar de 2×0 na frente do futuro da equipe na competição. Impossível, diriam os que vêem logica no futebol. Não vai acontecer de novo, diziam os cruzeirenses, que já haviam visto isso antes. Mas para o time que se acostumou a vencer nas situações mais improváveis, a situação era perfeitamente reversível.

Mas ai veio o jogo de volta contra o Corinthians. Logo no começo os paulistas abriram 1×0 no Mineirão. Pronto. Para os incrédulos já estava liquidada a parada. Mas o Galo, liderado por Guilherme e Luan, foi pra cima e acuou completamente o adversário e martelou até que aos 41, quando virou o jogo com gol de Edcarlos. Antes Luan abriu a contagem e Guilherme, que foi o homem do jogo, marcou duas vezes e com atuação excepcional conduziu o primeiro milagre do Galo na competição. Era surpreendente. Inacreditável para todo mundo. Menos para o torcedor alvinegro, que compareceu ao Mineirão e gritou o já famoso Eu “Acredito” do inicio ao fim do Jogo.

Com a moral adquirida nas quartas contra o Corinthians, o Galo partia para as semifinais em busca de um titulo que teimava em não vir faz anos. Pela frente um velho conhecido rival: o Flamengo, carrasco do Galo nos anos 80, justamente contra o time mais brilhante do Atletico, antes desse. No jogo do Rio, o Fla fez valer o poder do Maraca e superou os alvinegros por 2×0, numa péssima partida do ataque do Galo. Voltava o velho fantasma dos anos 80, os traumas e a imagem de freguês do Flamengo que persistia desde aquela época. Chama a atenção a provocação de um jornal da imprensa carioca, que estampava a manchete: “Freguesão”, no dia seguinte ao jogo. O que não sabiam e que esse time do Galo não se preocupa com tabus e passa por cima, como nunca antes.

Tardelli comemora a classificação contra o Flamengo. FOTO: Folhapress
Tardelli comemora a classificação contra o Flamengo. FOTO: Folhapress

O problema é que o roteiro das quartas ficou um pouquinho pior. O Flamengo, apesar de dominado desde o inicio da peleja achou um contra ataque e acabou fazendo 1×0, só que quase no fim do primeiro tempo. Estava liquidada a classificação, diziam os que tinham certeza da derrota alvinegra. Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, diziam os que desconfiavam. Só que o Flamengo repetiu os erros e assistiu ao Galo indo para o ataque com tudo para arrancar a classificação. E mesmo sem Guilherme conseguiram a virada com gol do iluminado Luan. O gol do inacreditável, aos 39 do segundo tempo. O feito estava repetido nada mais era impossível para o Galo que acredita em tudo.

O roteiro já parecia dos melhores filmes de Hollywood. O que conseguiram era mais impressionante do que o que fizeram na Libertadores. De quebra o Galo já havia exorcizado fantasmas das épocas mais difíceis do clube, quando era sempre derrotado, como em 99 contra o Corinthians. Contra o Flamengo a vitória era ainda mais especial para o torcedor alvinegro. Mais uma injustiça histórica era corrigida: a derrota de 81, num dos jogos mais polêmicos e injustos (para não dizer mais coisas), havia sido “devolvida”. Além dela, todas as derrotas que tiveram um gol a mais, um a menos ou um gol mal anulado que impediram conquistas do Galo sobre os rubro-negros nos anos 80. Era a redenção definitiva e a mudança da perspectiva de freguês que o atleticano carregava diante dos cariocas.

Não bastasse tudo isso, veio o grande final da história. Quiseram os tais Deuses do Futebol que o adversário da grande final, a primeira da história do Galo na Copa do Brasil, fosse ninguém menos que o arquirrival Cruzeiro. E era o primeiro clássico, em 93 anos de historia, que decidiria uma competição nacional. Os detalhes do primeiro jogo da final e de tudo que envolve este jogo histórico podem ser vistos aqui.

Tardelli comemora o gol do título. FOTO: AFP
Tardelli comemora o gol do título. FOTO: AFP

Na grande final no Mineirão, o Galo veio com a segurança de uma vantagem de 2×0 imposta no Horto e precisava somente segurar o volume ofensivo da Raposa para ficar com o titulo. O Galo queria a conquista inédita e, em segundo plano, impedir o ano perfeito do rival que, três dias antes, acabara de conquistar mais uma vez o Campeonato Brasileiro e buscava o ano perfeito com a conquista da tão falada Tríplice Coroa. Acontece que o Galo se impôs desde o inicio do jogo. Jogando com a intensidade de sempre, como se fosse ele quem precisasse inverter um resultado, o Atletico mostrou porque ninguém além dele poderia ficar com o título. Venceu com autoridade um Cruzeiro que não quis ou não conseguiu jogar. Importa é que o Galo poderia ter vencido até por uma margem maior e que a conquista veio, com todos os méritos para a metade alvinegra de BH. Galo que frequentemente supera seus limites para proporcionar ao clube a era mais vitoriosa de sua gloriosa história. E ao torcedor, que sempre acredita nesse time, a euforia de vencer vários títulos de expressão depois de anos de espera.

Vale destacar (e muito) os méritos do técnico Levir Culpi, que soube retirar o clube do marasmo que se encontrava e teimava em permanecer após a conquista da Libertadores no último ano. Também a reorganização do time que vinha de um primeiro semestre perdido, por conta de um péssimo trabalho (se é que se pode chamar assim) de Paulo Autuori. Levir consegui resgatar o futebol de intensidade dos tempos de Cuca e ainda o aprimorou, formando uma equipe que consegue ter o controle do jogo e da posse de bola, mantendo a movimentação intensa e envolvendo o adversário. Além disso, a confiança nos jovens das categorias de base, rendendo ótimos frutos para o futuro do clube, como se viu com os excelentes Carlos, Jemerson, Dodô, entre outros. Um ótimo trabalho que trouxe a uma conquista excepcional, num ano que parecia perdido.

Para encerrar a crônica dessa inesquecível Copa das Copas do Brasil, como atleticano, fica um agradecimento a quem tornou toda essa história recente do clube uma realidade. O presidente Alexandre Kalil, que cumpriu e até superou aquilo que prometeu quando assumiu: trazer de volta um clube que caminhava para a falência para o lugar dos grandes clubes do país. O presidente encerra de forma gloriosa seu mandato no próximo dia 3 e deixa um enorme legado e, como ele próprio disse, um espaço no coração de cada atleticano e na história do clube. Cabe também lembrar que ele não fez o que fez sozinho, o restante da diretoria também merece todo credito pela restruturação do Clube Atlético Mineiro.

Jogadores erguem a taça contra o rival. FOTO: Bruno Cantini/Atlético
Jogadores erguem a taça contra o rival. FOTO: Bruno Cantini/Atlético
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1 Comment

  1. felipe
    02/12/2014 at 10:55 — Responder

    texto maravilhoso! : )

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