Nem sempre o vencedor é o mais lembrado em certos momentos da história. Como já tinha acontecido com Senna em 1984 em Mônaco, o segundo colocado do GP dos Estados Unidos de 1990 é mais lembrado que o vencedor daquela corrida, justamente Ayrton Senna.

O artigo de hoje relembrará o GP dos Estados Unidos de 1990 (realizado no Circuito de Rua de Phoenix), aonde o destaque daquela corrida foi o francês Jean Alesi, que, apesar de ter terminado a segundo, liderou boa parte da mesma e protagonizou um belo duelo com Senna naquele dia

Naquele dia 11 de março de 1990: No momento da partida, Berger é surpreendido por um Alesi que dispara do seu quarto posto para alcançar a liderança, seguido por Berger, Senna e De Cesaris. O jovem piloto da Tyrrell, que tinha surpreendido muita gente nove meses antes, quando levou o seu carro até ao quarto posto na sua corrida de estreia, desta vez dava a Ken Tyrrell a sua primeira liderança em corrida desde 1983.

Senna, que entretanto, tinha chegado ao segundo posto no final da nona volta quando o seu companheiro perdeu o controlo do seu carro quando este carregou sem querer no acelerador enquanto travava, carregava em Alesi para tentar chegar ao primeiro posto. Contudo, o francês era um piloto combativo e não ia entregar os pontos facilmente, como iria demonstrar mais à frente na corrida.

Até à 30ª volta Alesi mantinha-se no comando, muito porque Senna não quis arriscar atacar, julgando ele que os Pirelli que o piloto da Tyrrell tinha calçado não iriam durara muito. Afinal, duraram mais do que pensava, e o brasileiro resolveu atacar. Na volta 34, no final da reta da meta, Senna trava mais tarde que o francês e passa para a liderança. Mas Alesi ataca na curva seguinte, forçando a passagem e readquirindo-se da liderança. Na volta seguinte, Senna tentou a mesma manobra e passou para o comando, e Alesi tentou a mesma manobra de reação, mas desta vez, Senna defendeu-se bem e ficou com o comando até ao final.

Mais atrás, Prost e Mansell tinham desistido, o primeiro devido à caixa de velocidades, o outro num espetacular despiste causado pela avaria da sua embraiagem. Enquanto isso, Boutsen e Piquet lutavam pelo terceiro posto, mas apesar do motor Renault do piloto belga ter alguns problemas, Piquet não o conseguia apanhar, ficando o belga com o lugar mais baixo do pódio.

No final da corrida, Senna vencia a primeira prova do ano, enquanto que Alesi era o homem do dia, por ter levado o carro a tão alto lugar. Era o melhor resultado da equipa em sete anos, e Senna elogiava-o, afirmando que tinha os genes de campeão. Para Alesi, estar numa luta contra o seu herói era motivo de orgulho. Boutsen ficava com o lugar mais baixo do pódio, enquanto que Nelson Piquet, o Brabham de Stefano Modena e o Tyrrell de Satoru Nakajima fechavam os lugares pontuáveis. (Texto retirado do blog Continental Circus).

O vídeo a seguir mostra o resumo desta marcante corrida.

Dezesseis anos depois desta corrida, os Estados Unidos (agora em Austin, no Texas) poderá ser o local aonde um piloto poderá encaminhar sua primeira conquista de campeonato na Fórmula 1. Será que Rosberg encaminhará a conquista do título ou Hamilton ainda tem condições de reagir?

O circuito da corrida

A história do Grande Prêmio dos Estados Unidos de Fórmula 1 é provavelmente, aquela que demanda mais tempo para ser totalmente conhecida.

De 1950 a 1960 as 500 Milhas de Indianápolis faziam parte do calendário da Fórmula 1, mas não valiam pontos para a temporada, mesmo assim seus ganhadores são considerados vencedores na Fórmula 1.

A partir de 1959 é que a etapa americana, desta vez realizada em Sebring, passou a valer oficialmente no campeonato de Fórmula 1.

De lá pra cá o grau de presença dos EUA na Fórmula 1 variou muito. De 1976 a 1981 e em 1983 e 1984, os americanos sediaram duas etapas do Mundial de Fórmula 1 no mesmo ano. E em 1982, os EUA se tornaram o único país, até hoje, a sediar 3 etapas da Fórmula 1 na mesma temporada (Detroit, Las Vegas e Long Beach).

Porém de 1992 a 1999 e de 2008 a 2011 a Fórmula 1 não esteve presente no solo americano. Desde 2012 a corrida voltou a ser realizada na terra do Tio Sam.

Esse “balaio de gatos” na história do GP americano reflete também na quantidade de circuitos utilizados até hoje pela Fórmula 1. Foram 10 circuitos: Sebring, Riverside, Watkins Glen, Phoenix, Indianápolis, Detroit, Long Beach, Las Vegas, Dallas (nos quatro últimos as etapas não eram denominadas GP dos Estados Unidos) e o atual em Austin, Texas.

O atual circuito utilizado é o Circuito das Américas localizado em Austin, capital do estado do Texas. Desenhado pelo alemão Hermann Tilke o circuito possui duas retas maiores e vinte curvas, sendo que há duas sequências desafiadoras de curvas (entre a curva 03 e 09 e entre as curvas 13 e 18). Em situações normais, os pilotos deverão fazer este traçado por 53 vezes para que se, conheça o vencedor da etapa americana da Fórmula 1.O traçado do circuito, pode ser visto na figura a seguir.

As corridas anteriores foram realizadas quase todas com tempo seco. Porém, no ano passado, a passagem do furacão Patricia levou chuva e uma dose adicional de emoção a etapa americana da Fórmula 1.

Dados históricos

Como GP dos Estados Unidos foram 37 edições realizadas desde 1959, ano em que passou a valer oficialmente para a temporada de Fórmula 1. Se considerarmos as etapas realizadas de 1981 a 1988 (que não se chamavam GP dos EUA) este número salta para 55 corridas. O inglês Bruce McLaren foi o primeiro vencedor, em 1959, correndo no circuito de Sebring. Em Austin o primeiro vencedor foi o inglês Lewis Hamilton em 2012, pela McLaren.

O maior vencedor do GP dos Estados Unidos é o alemão Michael Schumacher com 5 vitórias (todas em Indianápolis) (Senna também venceu 5 vezes nos EUA, mas 3 de suas vitórias foram em Detroit quando a etapa não se chamava GP dos Estados Unidos), seguido por Lewis Hamilton com 4 vitórias. Em Austin, o maior vencedor é justamente Hamilton com 3 vitórias obtidas até hoje. Por equipes, quem mais venceu até agora foi a Ferrari com 9 vitórias, seguida por Lotus e McLaren, com 8 vitórias cada.

A pole mais rápida do atual circuito utilizado foi feita por Sebastian Vettel pela Red Bull em 2012 com o tempo de 1min 35s 657 (com os carros com motores V8) e a volta mais rápida também foi feita por Vettel, também em 2012, com o tempo de 1min 39s 347.

Expectativa para a corrida

Ao que tudo indica o título do Mundial de Pilotos de 2016, começa a se aproximar de Rosberg. As quatro vitórias conquistadas nas últimas 5 corridas deram ao alemão a possibilidade de nestas últimas 4 corridas, não precisar vencer nenhuma delas e ainda sim conquistar o título. Caso ele conquiste, pelo menos, 3 segundos lugares e um terceiro lugar, independente da posição de Hamilton ao final da corrida, Rosberg dará mais um título do Mundial de Pilotos para a Alemanha.

Na verdade, a situação de Rosberg é tão favorável, que ele pode ser campeão semana que vem no México, caso consiga aumentar em 17 pontos sua vantagem para Hamilton. Basta que ele vença as duas corridas e que Hamilton, pelo menos em uma delas, não termine as mesmas em segundo lugar.

Tem três problemas pesando contra Hamilton nesta reta final de temporada: o primeiro foram as suas várias largadas ruins ao longo da temporada, como ocorreu na última corrida no Japão. Hamilton não conseguiu se adaptar totalmente ao novo sistema de largada, sem controle de tração, o que fez com que ele colecionasse várias largadas ruins ao longo da temporada.

O segundo é o histórico ruim em alguns circuitos neste fim de temporada, principalmente no Brasil, aonde nunca venceu, perdeu um título mundial praticamente ganho (2007) e viu Rosberg vencer aqui nas últimas duas temporadas.

E o terceiro fator é o azar. Não se diz que todo campeão, em um dado momento, precisa também de ter sorte para chegar lá? Pois é. Esta deu as costas para Hamilton, algumas vezes ao longo da temporada, mas principalmente na Malásia, onde ele estava a liderar a corrida e partiria para recuperar a liderança do Mundial de Pilotos, quando seu motor explodiu? Detalhe: durante a temporada inteira de 2016 foi o único motor Mercedes (incluindo os que são fornecidos para outros times da Fórmula 1) a ocorrer tal incidente.

Assim como em outras corridas anteriores Hamilton fez novamente a pole, com Rosberg logo atrás. Será que desta vez o inglês vai vacilar na largada de novo?

As Red Bull confirmaram mais uma vez o bom momento na temporada e vão sair mais uma vez a frente das Ferraris. Se continuar assim, o time austríaco deve, brevemente, confirmar o segundo lugar no Mundial de Construtores desta temporada.

A expectativa é por um bom espetáculo já que o Circuito das Américas possui um traçado interessante e com bons pontos de ultrapassagem. Acelera pessoal!

Resultado do treino classificatório

Horários:

Corrida – 23/10/2016 (domingo), 17:00h (horário de Brasília)

A corrida só será transmitida ao vivo pelo Sportv (canal pago). Pela Globo será transmitido o VT do evento após o programa Fantástico. Boa corrida para todos.