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CHARLES MILLER E O PONTAPÉ INICIAL DO FUTEBOL NO BRASIL

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Se hoje promovemos peladas para confraternização entre amigos e usamos expressões como “com a bola toda” ou “show de bola”, ou ainda morre de alegria ou tristeza pelo seu time do coração, devemos uma boa parte dos créditos a Charles Miller, que trouxe o futebol para o Brasil.

Foi num dia 14 de abril, em 1895, na Várzea do Carmo, em São Paulo, que aconteceu a primeira partida de futebol no Brasil. O próprio Charles esteve em campo no jogo entre São Paulo Railway e Companhia de Gás, realizado dez meses depois das primeiras bolas de couro desembarcarem no Brasil. Dez meses trancadas a sete chaves.

O bigodudo Charles Miller, sentado da esquerda para a direita.
O bigodudo Charles Miller, sentado da esquerda para a direita.

Mas qual era o Brasil que recebia aquela novidade? Bom, em 1895 o país passava por uma onda de crescimento econômico e acabava de reatar ligações diplomáticas com Portugal e fortalecia parcerias com o Japão. A Revolução Federalista no sul do pais, iniciada após a proclamação da república acabava de ser encerrada. Logo era uma época de expectativa, mas não de muitas certezas. O que ninguém sabia é que o inglês Charles Miller estava dando ao Brasil um de seus maiores instrumentos de unificação nacional.

Charles era filho do escocês John Miller, que veio ao Brasil para trabalhar na São Paulo Railway Company (aham, um dos times da partida), empresa que expandia as linhas férreas pelo estado. Já sua mãe era descendente de ingleses, e ambos não exitaram em mandá-lo com seu irmão para estudar em Southampton, Inglaterra, quando completou 10 anos. Acabou chegando lá durante o boom do futebol, quando se tornou método de educação física e, um ano após sua chegada, esporte profissional. Foi paixão imediata.

Aprendeu o futebol jogando pelo Banister Court School, onde praticou também críquete e rugby (que trouxe ao Brasil sem o mesmo sucesso). Com 17 anos, Charles Miller jogou pelo St. Mary’s Court School, que pouco depois virou o Southampton. Atou lá entre 1893 e 1894, um ano antes do time estrear na segunda divisão britânica. Ao mesmo tempo, defendia a Seleção do Condado Hampshire e continuava atuante em Banister, sua escola, pela qual marcou 45 gols em 34 jogos. Chegou a fazer um amistoso pelo lendário Corinthian Football Club. Era tido por todos como um talento nato para o esporte.

O jovem talento vindo do Brasil no recente futebol inglês.
O jovem talento vindo do Brasil no recente futebol inglês.

Com vinte anos, voltou ao Brasil para difundir o football, que logo se tornou futebol. Antes da histórica partida de 14 de abril, Charles precisou de um embrião para a nova ideia e ele foi o São Paulo Athletic Club, criado em 1988 para a prática do críquete. Reuniu amigos, ensinou as regras e deu o pontapé inicial para o esporte no Brasil.

Foto da Várzea do Carmo,  por volta de 1890.
Foto da Várzea do Carmo, por volta de 1890.

O campo, na região do Brás era um capinzal, de onde tiveram que expulsar os bois antes de jogar. Os times eram compostos por trabalhadores da ferrovia São Paulo Railway e da Companhia da Gás, ambos ingleses, o que lhes deu os pomposos nomes de “The São Paulo Railway Team” e “The Gas Works Team”. No maior estilo pelada, com gente jogando de calça, o jogo terminou 4×2 para o time da ferrovia, com dois gols de seu craque, Charles Miller. A galera adorou e o jogo continuou a se espalhar, indo para fora da comunidade inglesa de São Paulo.

Além de pai do futebol no Brasil, Charles Miller foi o primeiro craque que tivemos por aqui. Atacante rápido, driblador e de chute forte e preciso, ele se consagrou como o primeiro craque e o primeiro artilheiro do Brasil, assim como também foi decisivo para criar o primeiro time e o primeiro campeonato. Sem falar em um dos responsáveis pela formação de nossa primeira seleção.

Bom, se o futebol está completando 120 anos no Brasil, vamos agradecer a esse sujeito de bigode grosso.

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