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AJAX, MANCHESTER E A VOLTA DA TRADIÇÃO

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A Europa League chegou ao fim e se seu jogo derradeiro ocorresse na já longínqua década de 90, seria um dos jogos mais pesados do mundo e com certeza seria a final da Champions, não da Copa da Uefa (como se chamava à época).

Ajax e Manchester são as camisas mais pesadas de países muito tradicionais do futebol. Já protagonizaram momentos históricos do esporte como viradas impressionantes e times inesquecíveis (como o título da Champios do Manchester na temporada 98-99 e os times magistrais do Ajax na década de 70 ou no período 94-96). Isso sem falar nas hegemonias a nível nacional, títulos a perder de vista, etc…

O Manchester United (repare que é a primeira vez que ressalta-se tratar-se do lado vermelho de Manchester) perdeu o trilho da história, principalmente depois da aposentadoria de Alex Fergusson. Nos últimos anos não fez bom papel a nível nacional e não figurou no cenário continental. Além disso, ainda viu uma enxurrada de dinheiro chegar no outro time da cidade, que por sua vez assumiu o protagonismo do futebol local, obrigando a colocar o aposto United após citar o Manchester (desnecessário naquela década de 90, já que a cidade só tinha um time).

Já o Ajax perdeu espaço na Europa depois do advento dos bilhões no futebol. A Holanda não é um país de grande extensão, sua população não é grande e o mercado não escolheu Amsterdã como capital econômica do continente (apesar de a “vizinha” Bruxelas ser a capital política da União Europeia). Neste aspecto, Londres, Alemanha, Espanha e França deixaram os Países Baixos um patamar abaixo (com o perdão do trocadilho). Após a queda do futebol holandês, percebeu-se a ascensão (exagerada) de Real Madrid, Barcelona e Bayern, além de Arsenal, Chelsea e PSG (com aporte amigo) sempre mostrarem sua cara.

Sob esta análise, é muitíssimo comum que os fãs mais jovens de futebol, que cresceram gostando do City, Chelsea e PSG não darem muita bola para um jogo envolvendo Manchester e Ajax, principalmente sendo a final de um torneio de “segunda linha”, que viu recentemente uns times meio avacalhados ganharem, principalmente vindos do obscuro “leste europeu” e sua herança da cortina de ferro para o “mundo ocidental”. Mas para quem viu Kluivert, Davids, os irmãos De Boer, Van der Sar (fazendo uma transição do Ajax para o United), Scholes, Beckham e Giggs, não! Para estes, um Ajax x Manchester para sempre será um jogo que, no mínimo, despertará lembranças de ótimas tardes acompanhando futebol. Neste ponto, peço que repare novamente que o combate foi citado em várias ordens, justamente com a intenção mostrar que tanto Holanda quanto Inglaterra têm estofo para abrigar um jogo deste tamanho para a história do futebol. De fato, trata-se de duas casas cruciais para se entender o futebol. Se você está com uma camisa do City lendo isso, vá procurar o porquê da frase anterior.

Estocolmo recebeu a final e o ator principal para os locais não esteve em campo: Ibrahimovic ainda recupera-se de lesão. Mas Mourinho conseguiu montar um time que anulou a principal característica do Ajax: a juventude e a ânsia por atacar. O Ajax chegou até a final fazendo um caminhão de gols, sempre buscando o ataque, como é natural do futebol holandês (aliás, assista a jogos do holandesão, são muito interessantes). Mas o United engoliu isso e não chegou a correr riscos, levantando um caneco europeu depois de quase 10 anos. Ao Ajax, restou a esperança de que dias melhores virão, já que o time mostrou muito valor e é um elenco muitíssimo novo, com média de idade de (apenas) 22 anos, ou seja, que ainda não atingiu o máximo de maturação. O jogo ficou em 2×0 para o Manchester United, mas, na verdade, o placar moral foi uns 10×0 para o futebol.

Alguns fatos têm mostrado que talvez (e só talvez), o tempo da tríade Real, Barça e Bayern pode estar chegando ao fim. A Juve já chega com certo favoritismo para a final contra o Real e depois de jantar o Barcelona nas quartas da Champios. Manchester e Ajax chegando em final continental e vimos o retorno da camisa do Milan para o cenário europeu. Isso aumenta um pouco a esperança de que a polarização pelo menos diminua, voltando a ter aqueles jogos que marcaram a década de 90 e primeira metade da década de 2000.

 

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